À medida que as moléculas do nosso
corpo se diluem progressivamente no mundo do trabalho deixando para trás a
solidez da vida de estudante, cada vez mais nos vamos apercebendo de que ser apenas
médico já não basta para triunfar no mundo da Medicina!
A Medicina de excelência é
atualmente muito mais do que a tradicional consulta ou urgência. Aliás é cada
vez menos isso, pois aquele que outrora foi criado para curar o próximo é cada
vez mais julgado pelo que faz enquanto cientista. Peculiar, não?
Também no futebol o papel do
guarda-redes está longe de ser o que era há uma ou duas décadas atrás. O
clássico “último homem à frente da baliza” que se limitava a defender os
remates da equipa adversária tentando manter as suas malhas invioláveis é hoje cada
vez mais visto pela nova vaga de treinadores como o “primeiro elemento de
ataque” do coletivo.
Os médicos continuaram a aliviar
a dor do próximo, mas tiveram que arranjar tempo para se dedicar à sua competição:
o campeonato dos artigos científicos! Há atualmente uma enorme pressão para os
médicos publicarem. Por um lado, especialistas na matéria avançam que será
prática corrente o financiamento estatal aos hospitais vir a depender também da
atividade científica dos serviços. Por outro lado, como currículo gera
currículo, aos profissionais mais produtivos nesta componente abrem-se mais
portas, como progressão na carreira, convites para palestrar em congressos,
posições de relevo em revistas científicas ou a possibilidade de trabalhar em
instituições de maior nomeada.
No desporto-rei, o exemplo
paradigmático da nova era dos guarda-redes é o alemão Manuel Neuer. O guardião
do Bayern Munique mistura os reflexos aracnídeos do lendário Lev Yashin com a
elasticidade do Senhor Fantástico para sacar aquelas espetaculares defesas que
tantos pontos vão dando às suas equipas. É ainda capaz de sair destemidamente
da baliza quando os lances isso exigem e cortar a bola com os pés ou com a
cabeça. Contudo, aquilo que tanto deliciou Pep Guardiola na sua passagem pela
turma germânica foi a capacidade do ex-Schalke 04 de iniciar o jogo ofensivo da
equipa, regenerando a função de líbero que foi definhando até à quase extinção
nos anos 90 e que teve em Franco Baresi e Franz Beckenbauer dois dos seus
melhores intérpretes. Só para termos uma ideia do quão importante é Manuel
Neuer neste capítulo, o site squawka.com
avança que na temporada 2015-2016, o germânico efetuou 698 passes superando o
goleador Robert Lewandowski que na outro ponta do retângulo de jogo se quedou pelos
6011.
Regressando à medicina, nos dias
que correm já não é só o conselho do vizinho que traz clientes ao médico, é mais a
reputação que vai adquirindo entre os seus pares a nível nacional e internacional
que conta. As virtudes e desvantagens desta nova visão do papel do médico no
mundo ficam para outros textos, porque o que interessa aqui frisar é que se os
jovens médicos não seguirem esta nova direção ficarão decerto irremediavelmente
para trás no quadro da excelência da sua profissão. Até porque no verão
transato, Pep Guardiola deixou bem claro qual o perfil de keeper que exige para tornar ainda mais bela a sua filosofia de
jogo, ao dispensar Joe Hart. O inglês, que era dono da baliza do Manchester
City desde 2010, foi “trocado” por um dos sweeper-keepers
da nova vaga, o chileno Cláudio Bravo, proveniente do Barcelona. Hart, esse,
teve de se contentar com o empréstimo ao Torino, clube italiano cuja dimensão atual
fica muito aquém da dos citizens...
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1http://www.squawka.com/news/safe-feet-the-seven-best-ball-playing-goalkeepers-in-world-football/756109