À escala mundial, diversos exemplos há de madeireiros que nunca vieram a cortar os pinheiros que um dia semearam.
Quando o Príncipe Perfeito, D. João II, impulsionou Portugal para o período mais próspero da sua existência, lançando a Nação Valente à conquista de mares nunca dantes navegadose terras nunca outrora galgadas, acalentava decerto a esperança de um dia vir a receber a boa nova da descoberta do Caminho Marítimo para a Índia. Ora sucede que a perenidade da vida o acometeu em Alvor, cedo demais para assistir a tamanho feito da armada de Vasco da Gama e, como tal, foi o sucessor, D. Manuel I, a regozijar com a valerosa façanha de 1948.
Bem mais recentemente, nos anos 60 do século XX, as vicissitudes da vida também precipitaram o fim de uma das mais influentes personalidades da História dos EUA e Mundial. O Presidente John F. Kennedy via, assim, fuzilada a ambição de fazer chegar o Homem à Lua até final dessa malograda década. Embora de forma bem mais violenta que o natural perecimento do monarca lusitano, a verdade é que também JFK não pôde testemunhar o tão aguardado feito, tendo sido Nixon a celebrá-lo corria o verão de 1969, o tal que Bryan Adams imortalizado na canção que todos conhecemos.
Com estes dois exemplos, muito distantes entre si na inexorável linha do tempo, podemos constatar que grandes personalidades só vieram a receber a recompensa do seu trabalho já depois da partida terrena. Este facto é facilmente verificável se, na azáfama do dia-a-dia, dispusermos de uns breves minutos para desviar o nosso olhar para os nomes de escritores, políticos, médicos, artistas plásticos, entre outros, eternizados nos nomes das ruas por onde aceleradamente transitamos. Para muitos, esta terá sido injustamente a única homenagem que puderam “ver”. Talvez pela ingratidão de apenas poder “ver” esta homenagem post mortem, um portento do mundo do desporto, como é o nosso Cristiano Ronaldo, já afirmou que Se querem fazer homenagens, façam enquanto [as pessoas] estão vivas. E às vezes, a pressa parece ter sido tanta, que certos bustos tiveram de ser mais tarde retocados...

Mas será que o elixir da juventude eterna existe mesmo? Ou será que esse Santo Graal na verdade não é um minério, um livro ou nem sequer um cálice, mas antes um objeto de realidade metafísica...?
A este propósito, um dia conheci uma Professora que me ensinou que a fonte da juventude eterna não é nenhum cogumelo publicitado agressivamente na televisão... é antes algo bem mais precioso: é as emoções que provocamos, os comportamentos que mudamos e as lições que ensinamos! Seja num gesto de bondade perante um desconhecido, seja numa aula da Faculdade, seja à mesa ao almoço com os nossos filhos... E bem me recordo de um outro sábio me ter segredado que a educação que enraizamos nos nossos filhos é a nossa maior obra...
Seja como for, tanto na vida vivida como na vida contemplada, desde o mais titulado dos reis à mais desconhecida das avós, grande reconhecimento só é de facto alcançado com o humilde e desinteressado altruísmo de quem sabe estar a plantar videiras cujo vinho nunca irá provar. E este sim, é o verdadeiro néctar eterno e imaterial da nossa Humanidade!
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