Finais de junho. O melhor do Algarve estava a chegar: sol e praia! Para muitos o Algarve é isto mesmo e, como tal, o vai e vem de turistas é tão acentuado que multiplica bastante a população residente durante a silly season.
E foi precisamente o intenso calor dos finais de junho a dar as boas-vindas às dezenas de participantes nas VI Jornadas do Internato Médico do Algarve (JIMA). Este evento anual, da iniciativa dos internos do CHUA e Centros de Saúde algarvios e inclusive apoiado pela Câmara Municipal de Faro, procura dar a conhecer todo o potencial da região na formação médica, sendo igualmente ponto de encontro para jovens médicos oriundos de todo o País.
Depois com a chegada de julho, estava na altura de virar mais uma página do calendário e com isso deixar temporariamente o Hospital de Faro para abraçar o estágio de Medicina Geral e Familiar em Olhão. Nesse importante concelho do sul lusitano pude contactar com muitas gentes humildes e “ai mãe” com tantos dizeres característicos do solo algarvio, dos quais o clássico “almareado” merece óbvio destaque. Trabalhar a 500km de casa também é isto: uma oportunidade única de descobrir uma nova cultura! E, neste caso em particular, de esticar ao máximo as tardes de praia, às vezes até para lá das 20h, ao som das sunset parties que agora estão tão na moda. Lagos, Portimão, Quarteira, Garrão, Manta Rota, Monte Gordo... Ah, e claro, a diversão noturna de Vilamoura e Albufeira foi tomando o lugar de Faro nos nossos fins-de-semanas. É que, por esta altura do ano, muitos dos bares da capital algarvia fecham, estrategicamente canalizando para aqueles dois destinos toda a clientela.
E se é verdade que são o sol e a praia a dar a boa fama ao sul de Portugal, entretanto fui-me apercebendo de que a beleza da região não se queda preguiçosa deitada a bronzear na toalha ao longo dos vastos areais da sua costa. É interessante constatar que nem 30 minutos de carro são necessários para, de repente, o mar e a areia afunilarem no declive serpenteante das serras algarvias. Oriundo de Penacova, uma terra semeada de montes e vales, para mim foi uma delícia explorar as estradas nacionais que rasgam as serras de Monchique e de São Brás de Alportel. Não raras foram as vezes em que peguei no carro e me fiz à estrada, simplesmente para apreciar o verde contornando o asfalto ao som da melodia do rádio. Graças a essas aventuras sem destino, pude perder-me por trilhos, miradouros e pequenas vilas, como Moncarapacho, Boliqueime e Alte, chegando a casa já com os tons de laranja a morrer no horizonte.
Enfim, este verão agitado consolidou definitivamente o Algarve como a “Meca do Ano Comum” e acabou por se pôr com uma certeza: tínhamos construído um forte grupo de amigos! Se alguns eram já grandes companheiros da Faculdade, outros revelaram-se como irmãos que ainda não havia encontrado. É que estávamos sempre juntos: ao almoço no hospital e nas jantaradas ao fim-de-semana. Sempre que penso neles, a memória das estórias que vivemos vai forçando as comportas até que uma valente descarga de emoção me arrasta e eu, desamparado, nem ofereço resistência, e lá me deixo ir afogando num anestesiante sorriso de felicidade!
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