No dia seguinte aproveitamos a manhã (bem gelada!) para fazer um passeio de barco pelos canais de Brugge. Recomendo vivamente esta experiência a quem for a esta cidade belga, pois vão conseguir perceber o porquê de ser apelidada de “Veneza do Norte”, uma cidade onde a arquitetura de limpo e fino recorte típico dos países do Benelux se funde com águas ornamentadas por dezenas de cisnes que nos transportam para uma cena de um filme romântico.
Quando a embarcação atracou, a barriga já dava horas e, assim, fomos provar o Stew, o estufado de carne típico belga, ao restaurante Vilaminck’14, onde vários sportinguistas encontraram, além do aconchego do estômago, igualmente um abrigo do frio que se fazia sentir no exterior. Tivemos a sorte de ser servidos por um funcionário latino que falava bem português, o que, àquela distância de casa não deixou de ser surpreendente! Isso e o pão escuro e estaladiço acabadinho de sair do forno que nos deram de entradas. Ah, e a conta. Por esta é que não esperávamos de todo. Ao invés da conta informatizada, como é norma em qualquer restaurante citadino do século XXI, o que nos deixaram na mesa foi uma conta rabiscada à mão. A chamada conta de merceeiro! Surpresa atrás de surpresa.
No trajeto de volta ao hotel paramos numa loja para comprar os tradicionais chocolates belgas. Após uns minutos de descanso no quarto, nos quais aproveitamos para reforçar o nosso escudo contra o frio (isto é, vestir mais umas camadas de roupa), rumamos ao ponto de encontro com os restantes adeptos, o Meeting Point em língua anglo-saxónica, situado nas imediações do Bar des Amis, onde tínhamos estado na véspera.
Aí bebemos, conversamos, cantamos, tiramos fotos, cantamos e bebemos outra vez durante mais de 4 horas. Mas nem tudo correu bem. Ou melhor, até correu, mas podia ter sido bastante grave. Passo a explicar. Depois de um dos adeptos ter acendido uma tocha verde e com isso também ter incendiado os ânimos das hostes leoninas aí presentes, houve outro “adepto” que teve a brilhante ideia de lançar fogo de artificio em plena esplanada. Do nada começaram a jorrar raios explosivos do centro da esplanada, serpenteando por entre a multidão presente. As pessoas corriam a refugiar-se onde podiam. O alvoroço era total! E por sorte, muita, muita sorte, ninguém saiu ferido. E todo este rebuliço foi assistido de forma impávida e serena por um velho casal belga que se encontrava sentado na esplanada a apreciar o seu belo copo de bebida de cevada fermentada...
E o que é que nós fizemos depois disto? Mãos à cabeça, dar graças por estarmos a salvo e... beber, cantar e beber! É incrível o que o futebol nos faz! E não é só aos homens, que havia lá várias leoas que rugiam cânticos tão ou mais efusivamente do que nós!
Chegou finalmente a hora de nos dirigirmos para os autocarros que nos levariam do centro da cidade até ao estádio do Club Brugge, num percurso de cerca de 10min. O nosso grupo aproveitou para fazer um pequeno desvio e parar num supermercado para jantar uns rolls de frango e atum, além de se reabastecer de cerveja. Por isso, acabamos por não seguir na procissão de adeptos que se dirigiam do Meeting Point para o local onde aguardavam os autocarros. Nesse local, uma enorme fila se formou, dado que a polícia obrigava a mostrar o bilhete eletrónico de acesso ao jogo para permitir a passagem.
Transposto o “ponto de controlo” entramos num dos autocarros e o trajeto até ao estádio foi propulsionado a combustível Sporting allez. Sempre, sempre a cantar até ao reduto do clube anfitrião!
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